quarta-feira, 19 de março de 2008

Divas de Hollywood - 1. Audrey Hepburn

Regresso ao Eldorado nº 03

Muitos desconhecem mas esta bonequinha de porcelana nasceu em Bruxelas, na Bélgica, filha única de um banqueiro e de uma baronesa descendente de reis ingleses e franceses.
Estávamos a 04 de Maio de 1929.

De seu verdadeiro nome Audrey Kathleen Ruston, esta nossa primeira Diva de Hollywood começou por ser um autêntico patinho feio: alta, ossuda, de pés grandes, morena e de olhos escuros no tempo em que o cinema glorificava louras de olhos azuis.

Audrey avançou então com o que tinha e tinha muito: um rosto perfeito, profundos olhos castanhos e a sua imagem de marca, a elegância.
Eu prefiro até chamar-lhe classe.

Foi casada com o realizador Mel Ferrer e depois do nascimento dos filhos abandonou a carreira no cinema. No final de sua vida foi nomeada embaixadora da Unicef e trabalhou incansavelmente como voluntária para causas infantis.

Hepburn não era só uma cara bonita que iluminva o escurinho do cinema. Falava cinco línguas: francês, italiano, inglês, holandês e espanhol.

Tudo junto fazia com que a actriz fosse quase perfeita mas ainda assim a sua humildade foi sempre elogiada.
Faleceu a 20 de Janeiro de 1993, aos 64 anos, vítima de cancro no útero.

Filmografia em destaque:

  • Sabrina (1954)
  • Guerra e Paz War and Peace (1956)
  • Boneca de Luxo (1961)
  • My Fair Lady (1964)

O Pequeno Johnny - Os Primos de Lagos

Regresso ao Eldorado - Edição nº 04

Nascido e criado no Pinhal Novo fui desde cedo extremamente caramelo.
Não por dedicação às grandes causas pinhalnovenses, ou por exacerbada vocação para o associativismo, mas porque era mesmo caramelo, no sentido depreciativo do termo.
Consoante a geografia nacional também poderia ser considerado bimbo ou saloio, mas era caramelo, pronto.
Ponto.
Parágrafo.

O que é que faziam os caramelos no verão?
Iam para o Algarve.
E tinha que ser para acampar porque os caramelos não tinham dinheiro para hóteis, exceptuando uns quantos que herdaram a quinta dos papás.
E para acampar, leva-se a casinha de três assoalhadas dentro do mini e, com jeitinho, ainda se leva a avó e o béubéu bem atadinhos no tejadilho do carro, mesmo por cima da máquina de lavar.

O quartel-general de Cardosos e Balseiros foi, durante muitos anos, a Praia Verde.
Fica ali entre Tavira e Vila Real de Sto. António.
A mítica Praia Verde que, certamente, merecerá destaque especial nesta espécie de autobiografia.
Mas a foto amarelada aqui ao centro diz respeito a Lagos.
Em Lagos viviam - e ainda vivem - os primos da minha mãe e o seu filho, o Zé Tó.
O Zé Tó - nomenclatura que pede meças a um Quim Paulo, Quim Zé ou Zé Nando - era detentor de um vasto espólio de carrinhos imaculadamente estacionados em cima da sua cómoda imaculadamente limpa.
E quando juntava isto a uma orgia de bonecos de pelúcia na sua cama, chegava à conclusão que havia ali claros indícios de bicheza que o tempo, felizmente, não confirmou.

Mas por muito que eu agora zombe, tenho que dar a mão à palmatória.
Aquela família era, ainda nos anos 70, um exemplo de requinte e sofisticação que almejávamos copiar mas que a pesada herança caramela e ratinha (gente das Beiras) impedia de concretizar num prazo de duzentos anos.

Basta atentar na foto anexa e nem é necessário o recurso a uma lupa para enunciar aceleradamente tiques e adereços caramelos.
Em frente à estátua do navegador Gil Eanes, em Lagos, eis três estarolas vestidos a rigor para... para... uma sessão de terror no "Cowboyo Fantasma".

O meu pai aparece há 40 quilos atrás com um belo souvenir do Texas, a minha mãe com um vermelho tapa-cabeças que parece furtado a uma boite duvidosa e eu, o minúsculo pateta ao centro, com outro chapéu de cowboy azul.
Apareço em tronco nu, de pança ao léu, porque a fotografia ainda não estava suficientemente ridícula.
A minha mãe parece uma hippie que vestiu um cortinado púrpura e o meu pai está pronto a disparar uma qualquer piada brejeira guardada no coldre.

Consta que depois disto Gil Eanes fez-se novamente ao mar e ainda não voltou.