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quinta-feira, 19 de junho de 2008

O Pequeno Johnny - Quando eu era Princesinha

Regresso ao Eldorado - Edição nº 43

Olá, caros amigos!
Antes do mais tenho que agradecer a todos os que contribuíram para que este blogue chegue ao primeiro milhar de visitantes.
Serão muitos mais nos próximos tempos, espero.
Até porque em breve vai ser sorteado um presunto de Chaves e um guarda-chuva que já foi utilizado pela prima de uma vizinha do Pedro Santana Lopes.

As memórias que recupero hoje foram tabu até há bem pouco tempo.
Como quase todos os homens deste mundo tive a minha fase travesti.
Aconteceu uma única vez por volta dos meus três aninhos, isto se considerar irrelevante dois anos na adolescência em que experimentei lindos conjuntos de lingerie, ai, ai...

Quanto ao momento abaixo retratado, aconteceu por volta de 1973, 1974.
Vestido com uma espécie de... unn... vestidinho curto, uns sapatinhos ortopédicos que mais parecem umas sabrinas, meias branquinhas puxadas bem para cima, como se fossem collants e com um cabelinho comprido e sedoso, eis o pequeno Johnny transformado em princesinha da classe média!

Esta linda menina de pernoca bem aberta na varanda do seu 3º direito, e que por pouco não seguia o exemplo do filho do Nené, hoje Filipa Gonçalves, contentava-se a brincar com... molas de roupa!!
E diz a lenda que permanecia assim, entretido com tão pouco, horas a fio, podendo até os meus pais ausentarem-se para um fim de semana em Benidorm que, quando viessem, lá estaria eu na mesmíssima posição, embora mais sub-nutrido e mijado e cagado pelas perninhas abaixo...

Visse eu hoje na internet uma fotografia de uma boazona, de vinte e poucos anos, nestes preparos e uivaria de imediato. Até faria download da imagem e faria correr nos e-mails de javardolas assanhados como eu.
Acontece que quem está na foto sou eu, com menos de quatro anos de idade.
Assim sendo, há que dizer aos nojentos pedófilos que têm estado a ler isto de braguilha desabotoada, que o menino/princesinha da foto cresceu, tem 37 anos e só frequenta o Parque Eduardo VII por alturas da Feira do Livro e mesmo assim, raras vezes.
info:A varanda é normalmente entendida como a parte de uma casa que estabelece uma transição gradual entre os espaços internos e os espaços externos (diz a wikipedia). No meu caso, a transição para o espaço externo, o passeio lá em baixo, é tudo menos gradual e algumas molas de roupa já não estão cá para contar.

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Mas chega de falar de gajas boas, isto é, de mim.
Que tal um bocadinho de História de Varandas Lusitanas dos finais do Século XX?
Não? Está bem.

Pois a varanda que veem ali acima tornou-se, literalmente, uma homenagem aos Jardins Suspensos da Babilónia, à Natividade Cristã e à Pátria Portuguesa, consoante a época do ano.
No Natal, "papai e mamãe" esmeram-se em enfeites natalindos, uma profusão de luzinhas que acendem e apaguem para lembrar a todos que a família Cardoso celebra o Natal como ninguém mas que, no fundo, gostariam sim de gerir uma casa de alterne cheia de brasileiras de bundas empinadas.

Em tempo de campeonatos da Europa e do Mundo em futebol, a varanda é engalanada com uma mega-bandeira portuguesa -culpa do Scolari - o que tem confundido muitos turistas que julgam que é ali o Palácio de Belém.
Ainda ontem recebi duas dezenas de japoneses e chineses de máquina fotográfica que, em vão, procuraram o Plesidente Cavaco debaixo da mesa da cozinha, atrás do móvel da sala e até dentro da sanita.
Aproveitei para puxar o autoclismo, porque sempre são alguns a menos neste mundo, caso as enchentes e os terramotos não cumpram o seu papel.

Enfim, para que conste, no início dos anos 70, a varanda não era tão kitsch, se nos esquecermos, por um momento, daquela boneca que ali deixaram plantada.
Foram os dias em que eu era princesinha.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O Pequeno Johnny - Feliz Aniversário

Regresso ao Eldorado - Edição nº 16

Quem é que faz aninhos hoje, quem é?
Quem é o bebézinho?
Bilu, bilu, bilu!!
Parabéns a mim, nesta data querida...

Tretas!
A verdade é que estou um ano mais velho e neste momento tenho praticamente a mesma idade que um fóssil de dinossauro. Há dobradiças do meu corpo que rangem tanto à noite, que o padre já foi formalmente convidado a ir lá a casa exorcizar os maus espíritos.
Caruncho não tenho, porque sou lavadinho.

Nasci no século passado e tenho colegas com idade para serem meus filhos. Mas ainda bem que não são ou teria de distribuir um par de galhetas bem aviadas.
Pois é, ainda sou do tempo em que se dizia galhetas.
E lambadas, lamparinas e outras preciosidades hoje catalogadas como tortura medieval.
Porque hoje é rigorosamente proibido levantar a mão.
O ser humano está mais educado e o mais que faz é ficar agarrado a um telemóvel, com uma professora na outra extremidade e berrar frases inspiradas nas novelas da TVI.
Adiante.

Nem sempre fui assim tão velho.
Na foto aqui embaixo, eu estaria a fazer uns 10 anos e era imensamente feliz, até porque não tinha de fazer a barba quase todos os dias. Ou comprar o selo do imposto automóvel que agora já não é selo mas em matéria de inutilidade continua a sê-lo.
Avança, JP. Avança.
info: João Paulo Cardoso nasceu a 21 de Maio de 1971, às 23h30 de uma sexta-feira, em casa dos avós maternos, no Pinhal Novo.Pesava 3kg e 700 e era muito branquinho com olhos azulados e o cabelo era castanho claro. A primeira palavra foi "mã". A última frase proferida há pouco foi "agora não posso, estou a escrever umas porcarias na net".

Deixem-me apresentar o pessoal da fotografia:
À esquerda está a minha mãe. De fatinho de treino azul, claro, porque ter cinco putos em casa é desporto de elite.

A seguir, ostentando uma extraordinária carapinha está o meu irmão que também faz anos em breve. Teria uns três aninhos e, na foto, admira o irmão a imitar um tornado.

Segue-se a Edite, uma miúda lá das redondezas cujos marmelitos, na adolescência, foram bem espremidos por quase todos os que estão na fotografia.
Estou a brincar! A minha mãe não se mostrou interessada por aí além.

O casal abraçado? São os tios Cristina e John Rambo.
Afonso, queria eu dizer.
Ela era doce como os figos do Algarve onde hoje vive e ele sempre foi encalorado, em todos os sentidos. Mas, personalidades à parte, dá para ver que em 1981 já fazia um calor do caraças em Maio.

Seguem-se duas pessoas que aproveitaram uma promoção de camisas de flanela aos quadrados:
À esquerda, a morder o lábio inferior, o primo José Eduardo que, mais tarde, veio a ser meu instrutor de condução; sr. guarda, a culpa é dele.
E depois o Nelson, que vem a ser o tipo que tem a paciência de há mais tempo fingir que é meu amigo, e isto porque é inconcebível haver alguém que seja meu amigo de facto, porque se houver, com esse handicap, é pessoa para eu trazer desconfiado ao canto do olho.

Ah, e no centro das atenções, e da objectiva apontada pelo meu querido pai, lá estou eu, pronto para soprar de vez, mais 12 meses de vida, e isto no meio de Sumóis, Jóis, vinho do Porto, bolos e metades de sandes de queijo e de fiambre.
E há, claro, a bela da televisão a preto e branco, quando computadores, internet e telemóveis nem ficção científica eram.

37 anos depois, sei que desta vez ninguém vai tirar fotografias em tronco nu.
E é pena porque a Soraia Chaves foi convidada.

Sexta-feira há nova viagem na máquina do tempo.
Venha comigo assassinar saudades

quarta-feira, 19 de março de 2008

O Pequeno Johnny - Os Primos de Lagos

Regresso ao Eldorado - Edição nº 04

Nascido e criado no Pinhal Novo fui desde cedo extremamente caramelo.
Não por dedicação às grandes causas pinhalnovenses, ou por exacerbada vocação para o associativismo, mas porque era mesmo caramelo, no sentido depreciativo do termo.
Consoante a geografia nacional também poderia ser considerado bimbo ou saloio, mas era caramelo, pronto.
Ponto.
Parágrafo.

O que é que faziam os caramelos no verão?
Iam para o Algarve.
E tinha que ser para acampar porque os caramelos não tinham dinheiro para hóteis, exceptuando uns quantos que herdaram a quinta dos papás.
E para acampar, leva-se a casinha de três assoalhadas dentro do mini e, com jeitinho, ainda se leva a avó e o béubéu bem atadinhos no tejadilho do carro, mesmo por cima da máquina de lavar.

O quartel-general de Cardosos e Balseiros foi, durante muitos anos, a Praia Verde.
Fica ali entre Tavira e Vila Real de Sto. António.
A mítica Praia Verde que, certamente, merecerá destaque especial nesta espécie de autobiografia.
Mas a foto amarelada aqui ao centro diz respeito a Lagos.
Em Lagos viviam - e ainda vivem - os primos da minha mãe e o seu filho, o Zé Tó.
O Zé Tó - nomenclatura que pede meças a um Quim Paulo, Quim Zé ou Zé Nando - era detentor de um vasto espólio de carrinhos imaculadamente estacionados em cima da sua cómoda imaculadamente limpa.
E quando juntava isto a uma orgia de bonecos de pelúcia na sua cama, chegava à conclusão que havia ali claros indícios de bicheza que o tempo, felizmente, não confirmou.

Mas por muito que eu agora zombe, tenho que dar a mão à palmatória.
Aquela família era, ainda nos anos 70, um exemplo de requinte e sofisticação que almejávamos copiar mas que a pesada herança caramela e ratinha (gente das Beiras) impedia de concretizar num prazo de duzentos anos.

Basta atentar na foto anexa e nem é necessário o recurso a uma lupa para enunciar aceleradamente tiques e adereços caramelos.
Em frente à estátua do navegador Gil Eanes, em Lagos, eis três estarolas vestidos a rigor para... para... uma sessão de terror no "Cowboyo Fantasma".

O meu pai aparece há 40 quilos atrás com um belo souvenir do Texas, a minha mãe com um vermelho tapa-cabeças que parece furtado a uma boite duvidosa e eu, o minúsculo pateta ao centro, com outro chapéu de cowboy azul.
Apareço em tronco nu, de pança ao léu, porque a fotografia ainda não estava suficientemente ridícula.
A minha mãe parece uma hippie que vestiu um cortinado púrpura e o meu pai está pronto a disparar uma qualquer piada brejeira guardada no coldre.

Consta que depois disto Gil Eanes fez-se novamente ao mar e ainda não voltou.