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terça-feira, 24 de junho de 2008

Geração Tio Patinhas - Nº 10 - Gastão

Regresso ao Eldorado - Edição nº 46

Eu gostava de ser este pato de casaco verde.
É com uma das frases mais estranhas publicadas num blogue que o "Regresso ao Eldorado", quase a ir de férias, dá início à listagem das 10 personagens mais interessantes do universo Disney, na chamada "Geração Tio Patinhas".

Pois o pato altivo e aperaltado que abrilhanta as memórias de hoje, é tido como o mais sortudo do mundo. Nasceu com o penacho traseiro virado para a lua, nem sequer precisa de ferraduras ou patas de coelho. Aliás, se as patas de coelho dessem sorte, os coelhos não as perderiam...
Trevos de quatro folhas? Parece que só existem no norte do país e em poucos locais.

O mítico Carl Barks, criador do Tio Patinhas, pensou na figura do Gastão para criar "o avesso" do pato Donald. Se Donald aparece sempre de fato de marinheiro, Gastão usa estas belas farpelas, chapéuzinho e polainas, aqueles sapatinhos que tapam parte da patinha dos patinhos.
Eis uma bela aliteração que bem poderia ter figurado nos exames nacionais de Português.
Vou repetir: "sapatinhos que tapam parte da patinha dos patinhos."

De acordo com o que era publicado nas historinhas Disney, o Gastão conseguia tudo o que queria sem mexer uma palha.
Mal acordava, já tinha o carteiro à porta a informá-lo da conquista de um primeiro prémio de uma qualquer lotaria. Entrava numa mercearia e ganhava sempre qualquer coisa por ter sido o centésimo ou o milésimo cliente.
E sempre que participava em concursos com o Donald, o resultado era quase sempre o mesmo, ele ganhava e o pato estarola ficava com a Margarida, o que, conhecendo a complexa personalidade das mulheres, não se pode dizer que seja um prémio de consolação, mas sim a confirmação da derrota.
info: Não consegui confirmar a autoria do Gastão, mas terá sido o mago Carl Barks a desenhá-lo pela primeira vez, para atazanar a vida do Donald. Um personagem com a mesma caracterização apareceu no desenho dos estúdios Disney "O espírito de 1943". Era a metade gastadora da personalidade do Donald (talvez o que deu origem ao nome de Gastão no Brasil).

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Adorava ser como o Gastão, não na arrogância e prepotência que transbordam em todos os seus gestos, confundindo amiúde sorte e mérito, mas "apenas" na doce ilusão de que seria possível viver de golpes de sorte.
E deve ser possível tal desiderato, única forma de explicar como é que a boçalidade de um Berardo sem estudos, consegue se tornar um dos maiores milionários portugueses.
Admito a sagacidade, o engenho negocial, mas isso não explica tudo.

Quando era mais novo, há séculos atrás, lia e relia as histórias do Donald com o Gastão torcendo pelo mais fraco, como sempre fiz.
Ingloriamente.
Dava-me tanta raiva a humilhação de quem trabalhava e se esforçava, perante os bafejados pelo destino, que quase rasgava as revistas, ao mesmo tempo que pontapeava o guarda-roupa, abrindo um belo buraco por onde passei a enfiar as meias, o que demonstra toda a minha capacidade de organização.

No fundo, no fundo, mas mesmo lá no fundo, onde nem as baratas respiram, eu gostava era de ser como ele, viver de golpes de sorte e não de golpes de navalha, como alguns desfavorecidos da Buraca.
E lá vou preenchendo boletins de totoloto, enquanto continuo à procura do Santo Graal, ou seja, um amuleto mais eficaz que a moedinha nº 1 do Tio Patinhas.

Tenho estado a pensar na possibilidade de usar um pé do Berardo ao pescoço, só para ver o que acontece...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Geração Tio Patinhas - 2ª Parte

Regresso ao Eldorado - Edição nº 12

Os estudos sobre toxicodependência ainda não são conclusivos mas, parece que quando se desfolham revistas de Walt Disney, desprende-se uma essência capaz de inebriar e viciar mais os sentidos do que se nos fechássemos num elevador com o Jorge Palma vindo do Bairro Alto.

É que só isso explica a razão, porque ainda hoje, após desfolhar uma "revista do Tio Patinhas", logo tenha que fazer um monte com 30 revistinhas do género para alimentar o vício.
Mas não pode ser um monte qualquer.
Há regras que eu, enquanto adicto esquizofrénico, obrigo-me a cumprir desde o tempo que assoava a ranhoca às mangas das camisas também elas aos quadradinhos.

Tal como uma refeição onde se guarda a sobremesa para o fim, eu empilhava as revistas de acordo com as suas potencialidades de prazer. Ou, mais prosaicamente, pelo volume de páginas com que se apresentavam, como se fossem doses de cocaína.
Doses mais leves para começar, como as revistinhas do Pato Donald ou do Zé Carioca, depois doses moderadas como as revistas do Mickey e do Tio Patinhas, dose reforçada com as Edições Extra e os Almanaques Disney, e a overdose final com os grossos volumes do Disney Especial.



Info: Walter Elias Disney nasceu em Chicago, a 05 de Dezembro de 1901 e faleceu a 15 de Dezembro de 1966 em Los Angeles. Desde 2006 que não são publicadas revistas de Walt Disney em Portugal, pelo menos tal como as conhecemos.


Tudo era empilhado de acordo com esta ordem, mas não pensem que consumia tudo isto de uma assentada, até porque a tarefa afigurava-se mais arriscada do que tomar duche e secar a cabeça num micro-ondas.
Eu lia tudo bem devagar, degustando, com prazer.
Ouviam-se ao mesmo tempo acordes de cítara e gaitas de fole. Camelos e serpentes faziam amor em espirais multicolores que se erguiam torpemente...
Autênticas tardes e noites de loucura, era o que era.

Por vezes contactava dealers que cediam o seu espólio em troca do meu, só que este tráfico de droga aos quadradinhos não se limitava a seis ou sete revistas.
Não, a troca de revistas era feita à grande e à colombiana:
"Emprestas-me 50 revistas e eu empresto-te outras 50".
E assim era.

O material sempre foi de melhor qualidade quando vinha do Brasil.
O declínio do império começou quando a Editora Morumbi substituíu gradualmente a Editora Abril. E, por volta de 1996, mais coisa menos coisa, as revistas passaram a ser encadernadas de forma obtusa, grotesca até. Até pura e simplesmente desaparecerem de papelarias e quiosques.

E assim, os vapores que inebriavam e faziam camelos e serpentes fazer amor nas espirais multicolores deixaram de fazer efeito.
Restam as feiras de antiguidades que vendem, a preço de amendoim, as velhas revistas dos anos 70 e 80. E confesso que, de vez em quando ainda compro uma ou duas doses, digo, revistas.

Amanhã há nova viagem na máquina do tempo.
Venha comigo assassinar saudades.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Geração Tio Patinhas - 1ª Parte

Regresso ao Eldorado nº 02

Nos finais dos anos 70 e durante toda a década de 80, este vosso escriba foi grande consumidor de... revistas de Walt Disney. Poderia desde já conseguir maior nível de notoriedade para este blogue se tivesse escrito "grande consumidor de cannabis", mas não.

Grande parte dos meus conhecimentos de infância e depois de adolescência - exceptuando aqueles relacionados com o sexo, tabuadas e fazer recados - foram bebidos com sofreguidão de revistas em quadradinhos, em especial, "revistas do Tio Patinhas", expressão pela qual também eram conhecidas.

Sim, a escola foi foi importante, mas as aventuras do Mickey, do Pateta, do Tio Patinhas, Donald e sobrinhos foram-no mais. Até para parte dos meus primos que aprendeu a ler comigo de tão divertida cartilha, sem esquecer o meu irmão e espero que em breve o filho dele que, por incrível coincidência, é meu sobrinho.

O vício por estas revistas era tão grande, que cheguei a roubar para as ter e isto é mesmo verdade, sr. director da Polícia Judiciária.

Aconteceu no início dos anos 80, na papelaria que chegou a ser daquele que é hoje Presidente da Junta de Freguesia do Pinhal Novo, sendo que ele e a família ainda são meus primos não sei em que graus porque não trouxe para aqui o termómetro.

A revista em causa era um Disney Especial "Os Sortudos", mas que não me trouxe grande sorte porque fui apanhado com o produto do roubo ao passar a linha que cruza o Pinhal Novo.
Pior foi depois cruzar-me com os meus pais, que lá me compraram a revista.

Histórias como esta, poderá lê-las na rubrica "O Pequeno Johnny", aqui neste "Regresso ao Eldorado".

Sobre o "Mundo Maravilhoso de Walt Disney" e sobre a "Geração Tio Patinhas" falarei mais à frente noutras postagens, até porque este... umm... tema, foi um dos responsáveis pela criação deste blogue.

Convenhamos que me poderia ter dado para pior se, por exemplo, regressasse à blogosfera com um blogue sobre "Política Orçamental Albanesa" ou um sobre "Como Aproveitar o Caroço das Azeitonas na Floricultura".
Como se vê, não foi o caso.