Regresso ao Eldorado - Edição nº 04
Nascido e criado no Pinhal Novo fui desde cedo extremamente caramelo.
Não por dedicação às grandes causas pinhalnovenses, ou por exacerbada vocação para o associativismo, mas porque era mesmo caramelo, no sentido depreciativo do termo.
Consoante a geografia nacional também poderia ser considerado bimbo ou saloio, mas era caramelo, pronto.
Ponto.
Parágrafo.
O que é que faziam os caramelos no verão?
Iam para o Algarve.
E tinha que ser para acampar porque os caramelos não tinham dinheiro para hóteis, exceptuando uns quantos que herdaram a quinta dos papás.
E para acampar, leva-se a casinha de três assoalhadas dentro do mini e, com jeitinho, ainda se leva a avó e o béubéu bem atadinhos no tejadilho do carro, mesmo por cima da máquina de lavar.
O quartel-general de Cardosos e Balseiros foi, durante muitos anos, a Praia Verde.
Fica ali entre Tavira e Vila Real de Sto. António.
A mítica Praia Verde que, certamente, merecerá destaque especial nesta espécie de autobiografia.
Mas a foto amarelada aqui ao centro diz respeito a Lagos.
Nascido e criado no Pinhal Novo fui desde cedo extremamente caramelo.
Não por dedicação às grandes causas pinhalnovenses, ou por exacerbada vocação para o associativismo, mas porque era mesmo caramelo, no sentido depreciativo do termo.
Consoante a geografia nacional também poderia ser considerado bimbo ou saloio, mas era caramelo, pronto.
Ponto.
Parágrafo.
O que é que faziam os caramelos no verão?
Iam para o Algarve.
E tinha que ser para acampar porque os caramelos não tinham dinheiro para hóteis, exceptuando uns quantos que herdaram a quinta dos papás.
E para acampar, leva-se a casinha de três assoalhadas dentro do mini e, com jeitinho, ainda se leva a avó e o béubéu bem atadinhos no tejadilho do carro, mesmo por cima da máquina de lavar.
O quartel-general de Cardosos e Balseiros foi, durante muitos anos, a Praia Verde.
Fica ali entre Tavira e Vila Real de Sto. António.
A mítica Praia Verde que, certamente, merecerá destaque especial nesta espécie de autobiografia.
Mas a foto amarelada aqui ao centro diz respeito a Lagos.
O Zé Tó - nomenclatura que pede meças a um Quim Paulo, Quim Zé ou Zé Nando - era detentor de um vasto espólio de carrinhos imaculadamente estacionados em cima da sua cómoda imaculadamente limpa.
E quando juntava isto a uma orgia de bonecos de pelúcia na sua cama, chegava à conclusão que havia ali claros indícios de bicheza que o tempo, felizmente, não confirmou.
Mas por muito que eu agora zombe, tenho que dar a mão à palmatória.
Aquela família era, ainda nos anos 70, um exemplo de requinte e sofisticação que almejávamos copiar mas que a pesada herança caramela e ratinha (gente das Beiras) impedia de concretizar num prazo de duzentos anos.
Basta atentar na foto anexa e nem é necessário o recurso a uma lupa para enunciar aceleradamente tiques e adereços caramelos.
Em frente à estátua do navegador Gil Eanes, em Lagos, eis três estarolas vestidos a rigor para... para... uma sessão de terror no "Cowboyo Fantasma".
O meu pai aparece há 40 quilos atrás com um belo souvenir do Texas, a minha mãe com um vermelho tapa-cabeças que parece furtado a uma boite duvidosa e eu, o minúsculo pateta ao centro, com outro chapéu de cowboy azul.
Apareço em tronco nu, de pança ao léu, porque a fotografia ainda não estava suficientemente ridícula.
A minha mãe parece uma hippie que vestiu um cortinado púrpura e o meu pai está pronto a disparar uma qualquer piada brejeira guardada no coldre.
Consta que depois disto Gil Eanes fez-se novamente ao mar e ainda não voltou.
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