quinta-feira, 24 de julho de 2008
Temporariamente Encerrado
Venho através deste telegrama internético avisar os mais nostálgicos que este blogue vai estar inactivo nos próximos tempos.
Não é um final abrupto e prematuro, apenas um encerramento temporário.
Se fosse um enceramento temporário marcávamos já encontro para a próxima semana, depois do pavimento estar sequinho e brilhante, capaz de reflectir a fronha de todos vós.
Mas como não há cera, o que será, será.
Buona sera.
P.S: Entretanto fique a saber que está de volta o velho "Eldorado", agora com nova gerência.
Venha daí provar os nossos novos petiscos e traga quem quiser, menos aquele seu tio que é inspector da ASAE.
O link do "Eldorado" está ali ao lado, mas se está com preguiça carregue aqui neste asterisco *
quinta-feira, 17 de julho de 2008
terça-feira, 1 de julho de 2008
Férias
Caros leitores (dois ou três):
Este blogue dedicado às memórias do passado, próprio de quem tem cada vez mais cabelos brancos, vai agora de férias.
Tailândia, Bahia, Austrália ou Nova Iorque, o destino está ainda por decidir e o regresso não tem data marcada.
Parece que, entretanto, a malta jovem morre de saudades sim, mas do velho "Eldorado" que encerrou portas no final de Abril.
Parece também , que o mentor desse blogue pondera a hipótese de voltar a destilar sátira, ironia, sarcasmo e erros de ortografia.
Pelo menos nota-se mudanças - para pior, claro - no modelo do velho "O Eldorado".
Ainda não há histórias novas, mas a ameaça fica no ar.
Também é preciso que as férias sejam do meu agrado, porque teimo em dormir com fantasmas e acordar assustado.
Logo se vê.
Beijos às meninas e abraços aos meninos.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Anos 80 Revival - Come on Eileen
Não traz nenhum tipo de recordação especial esta música orelhuda dos ingleses Dexys Midnight Runners mas cada vez que a ouço sinto no ar a ingenuidade daqueles tempos em que tudo parecia feito de algodão doce.
Tudo não é bem assim.
As jardineiras, que muita gente usou como se trabalhasse como pintor nos estaleiros da Lisnave eram feitas de ganga e, há que escrevê-lo, eram também mais feias que um bode vesgo.
Espero que a moda não seja cíclica neste caso e que as jardineiras estejam extintas porque, se em termos musicais esta é indubitavelmente uma das melodias incontornáveis da década de ouro da pop, no que diz respeito ao vídeo, é uma das piores.
As inenarráveis cabeleiras, as jardineiras largaronas, as ruas de um qualquer subúrbio, tudo contribui para que o meu sarapintado facies produza um daqueles belos esgares à "Malucos do Riso".
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E afinal, parece que tudo isto é para conquistar a tal Eileen, mesmo recorrendo às rimas mais parolas:
"Come on Eileen, I swear (well he means)
At this moment, you mean everything
You in that dress, my thoughts I confess
Verge on dirty
Ah come on Eileen"
Feitas as contas, parece que não gosto de nada deste "Come on Eileen", mas não é bem assim.
A sonoridade do trompete, tão característica dos Dexys, chega para adocicar-me os tímpanos, tal como acontece com outro tema destes pintores, digo, deste grupo, o clássico "geno" que também há-de estar nesta lista.
Fique então com esta recordação dos heighties que eu hoje não estou particularmente inspirado e não vou escrever mais nada.
Grande parte dos meus neurónios apanhou um low cost para parte incerta. A última vez que os senti fazerem-me cócegas no cérebro, já estavam de óculos escuros, calção e chinelo no pé.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
terça-feira, 24 de junho de 2008
Geração Tio Patinhas - Nº 10 - Gastão
Eu gostava de ser este pato de casaco verde.
É com uma das frases mais estranhas publicadas num blogue que o "Regresso ao Eldorado", quase a ir de férias, dá início à listagem das 10 personagens mais interessantes do universo Disney, na chamada "Geração Tio Patinhas".
Pois o pato altivo e aperaltado que abrilhanta as memórias de hoje, é tido como o mais sortudo do mundo. Nasceu com o penacho traseiro virado para a lua, nem sequer precisa de ferraduras ou patas de coelho. Aliás, se as patas de coelho dessem sorte, os coelhos não as perderiam...
Trevos de quatro folhas? Parece que só existem no norte do país e em poucos locais.
O mítico Carl Barks, criador do Tio Patinhas, pensou na figura do Gastão para criar "o avesso" do pato Donald. Se Donald aparece sempre de fato de marinheiro, Gastão usa estas belas farpelas, chapéuzinho e polainas, aqueles sapatinhos que tapam parte da patinha dos patinhos.
Eis uma bela aliteração que bem poderia ter figurado nos exames nacionais de Português.
Vou repetir: "sapatinhos que tapam parte da patinha dos patinhos."
De acordo com o que era publicado nas historinhas Disney, o Gastão conseguia tudo o que queria sem mexer uma palha.
Mal acordava, já tinha o carteiro à porta a informá-lo da conquista de um primeiro prémio de uma qualquer lotaria. Entrava numa mercearia e ganhava sempre qualquer coisa por ter sido o centésimo ou o milésimo cliente.
E sempre que participava em concursos com o Donald, o resultado era quase sempre o mesmo, ele ganhava e o pato estarola ficava com a Margarida, o que, conhecendo a complexa personalidade das mulheres, não se pode dizer que seja um prémio de consolação, mas sim a confirmação da derrota.
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Adorava ser como o Gastão, não na arrogância e prepotência que transbordam em todos os seus gestos, confundindo amiúde sorte e mérito, mas "apenas" na doce ilusão de que seria possível viver de golpes de sorte.
E deve ser possível tal desiderato, única forma de explicar como é que a boçalidade de um Berardo sem estudos, consegue se tornar um dos maiores milionários portugueses.
Admito a sagacidade, o engenho negocial, mas isso não explica tudo.
Quando era mais novo, há séculos atrás, lia e relia as histórias do Donald com o Gastão torcendo pelo mais fraco, como sempre fiz.
Ingloriamente.
Dava-me tanta raiva a humilhação de quem trabalhava e se esforçava, perante os bafejados pelo destino, que quase rasgava as revistas, ao mesmo tempo que pontapeava o guarda-roupa, abrindo um belo buraco por onde passei a enfiar as meias, o que demonstra toda a minha capacidade de organização.
No fundo, no fundo, mas mesmo lá no fundo, onde nem as baratas respiram, eu gostava era de ser como ele, viver de golpes de sorte e não de golpes de navalha, como alguns desfavorecidos da Buraca.
E lá vou preenchendo boletins de totoloto, enquanto continuo à procura do Santo Graal, ou seja, um amuleto mais eficaz que a moedinha nº 1 do Tio Patinhas.
Tenho estado a pensar na possibilidade de usar um pé do Berardo ao pescoço, só para ver o que acontece...
segunda-feira, 23 de junho de 2008
quinta-feira, 19 de junho de 2008
O Pequeno Johnny - Quando eu era Princesinha
Olá, caros amigos!
Antes do mais tenho que agradecer a todos os que contribuíram para que este blogue chegue ao primeiro milhar de visitantes.
Serão muitos mais nos próximos tempos, espero.
Até porque em breve vai ser sorteado um presunto de Chaves e um guarda-chuva que já foi utilizado pela prima de uma vizinha do Pedro Santana Lopes.
As memórias que recupero hoje foram tabu até há bem pouco tempo.
Como quase todos os homens deste mundo tive a minha fase travesti.
Aconteceu uma única vez por volta dos meus três aninhos, isto se considerar irrelevante dois anos na adolescência em que experimentei lindos conjuntos de lingerie, ai, ai...
Quanto ao momento abaixo retratado, aconteceu por volta de 1973, 1974.
Vestido com uma espécie de... unn... vestidinho curto, uns sapatinhos ortopédicos que mais parecem umas sabrinas, meias branquinhas puxadas bem para cima, como se fossem collants e com um cabelinho comprido e sedoso, eis o pequeno Johnny transformado em princesinha da classe média!
Esta linda menina de pernoca bem aberta na varanda do seu 3º direito, e que por pouco não seguia o exemplo do filho do Nené, hoje Filipa Gonçalves, contentava-se a brincar com... molas de roupa!!
E diz a lenda que permanecia assim, entretido com tão pouco, horas a fio, podendo até os meus pais ausentarem-se para um fim de semana em Benidorm que, quando viessem, lá estaria eu na mesmíssima posição, embora mais sub-nutrido e mijado e cagado pelas perninhas abaixo...
Visse eu hoje na internet uma fotografia de uma boazona, de vinte e poucos anos, nestes preparos e uivaria de imediato. Até faria download da imagem e faria correr nos e-mails de javardolas assanhados como eu.
Acontece que quem está na foto sou eu, com menos de quatro anos de idade.
Assim sendo, há que dizer aos nojentos pedófilos que têm estado a ler isto de braguilha desabotoada, que o menino/princesinha da foto cresceu, tem 37 anos e só frequenta o Parque Eduardo VII por alturas da Feira do Livro e mesmo assim, raras vezes.
Mas chega de falar de gajas boas, isto é, de mim.
Que tal um bocadinho de História de Varandas Lusitanas dos finais do Século XX?
Não? Está bem.
Pois a varanda que veem ali acima tornou-se, literalmente, uma homenagem aos Jardins Suspensos da Babilónia, à Natividade Cristã e à Pátria Portuguesa, consoante a época do ano.
No Natal, "papai e mamãe" esmeram-se em enfeites natalindos, uma profusão de luzinhas que acendem e apaguem para lembrar a todos que a família Cardoso celebra o Natal como ninguém mas que, no fundo, gostariam sim de gerir uma casa de alterne cheia de brasileiras de bundas empinadas.
Em tempo de campeonatos da Europa e do Mundo em futebol, a varanda é engalanada com uma mega-bandeira portuguesa -culpa do Scolari - o que tem confundido muitos turistas que julgam que é ali o Palácio de Belém.
Ainda ontem recebi duas dezenas de japoneses e chineses de máquina fotográfica que, em vão, procuraram o Plesidente Cavaco debaixo da mesa da cozinha, atrás do móvel da sala e até dentro da sanita.
Aproveitei para puxar o autoclismo, porque sempre são alguns a menos neste mundo, caso as enchentes e os terramotos não cumpram o seu papel.
Enfim, para que conste, no início dos anos 70, a varanda não era tão kitsch, se nos esquecermos, por um momento, daquela boneca que ali deixaram plantada.
Foram os dias em que eu era princesinha.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Stand-by
Este blogue volta para a semana, assim que os 27 guionistas que aqui trabalham a recibo verde, consigam deixar os Pirinéus, onde ficaram apeados sem gasolina.
Entretanto, Portugal lá vai jogando e ganhando no futebol e perdendo em qualidade de vida e em tudo o resto, inclusive perdemos agora o Scolari para o Chelsea e perdemos os dias fresquinhos substituídos por esta sensação de estar numa sauna durante 24 horas.
Quando no presente só nos resta chutar para o lado, porque somos bons é a chutar, basta ver que os melhores do mundo estão todos no Casal Ventoso, resta-nos recordar os bons momentos do passado, sem abdicar do futuro.
E depois de um começo acelerado, com dois posts diários - ainda que um exclusivamente pictorial -, o futuro deste blogue passa por se apresentar mais pausado, a partir da próxima semana.
Mas sempre com uma vontade indómita de assassinar saudades.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Tesourinhos Fascinantes - As Cassetes
Quem é que nunca gravou uma selecção de temas daqueles bem pirosos e peganhentos para conquistar uma miúda?
Possivelmente muitas das senhoras que estão a ler isto, mas, mesmo elas, não terão deixado de compilar os seus temas preferidos numa boa fita magnética.
Porque já houve um tempo em que era bom compilar e uma miúda cool era uma miúda que compilava. Hoje, uma miúda que compila é difícil de encontrar.
Foi por isso que o Ronaldo, do Brasil, foi ter com travestis.
Havia cassetes de ferro (duras para caramba), de crómio, de metal, ou até as que abafavam o ruído, o que foi importante para quem como eu foi ao ponto de usar um gravador de cassetes para gravar músicas da televisão, captando a campainha lá de casa, os carros a passar, ou até a buzina do padeiro.
Mas era da rádio que gravávamos a maior parte das músicas que compunham as nossas cassetes que eram depois catalogadas com requinte. Os mais organizadinhos, como eu, numeravam a lombada e até se atreviam a desenhar as capas.
A que desenhei para o "Thriller" de Michael Jackson estava ao nível daquilo que o meu sobrinho faz hoje na Escola Primária.
Mas eram os "Especiais Anos 80" que eu adorava gravar e etiquetar. Ainda estão lá para casa, numa improvisada prateleira no topo do armário onde estão guardadas as revistas de Walt Disney.
Na era dos downloads e música portátil em i-pods catitas, estou um passo atrás, usando e abusando dos cd´s que mataram as cassetes.
E não era muito complicado matar uma cassete.
Bastava agarrar-lhe na tripa magnética e esventrá-la com requintes de malvadez. Era um óptimo momento anti-stress desde que a cassete não fosse nossa, claro.
O pior era quando as caixinhas de música cometiam suicídio nas cabeças de leitura e gravação. Cheguei a ouvir com enlevo o Rod Stewart numa dessas situações e achar que o tipo, quando queria, ainda aprumava mais a rouquidão da sua voz, mas não, era uma cassete a ser engolida por uma aparelhagem com saudades de pôr gira-discos a tocar.
Era quando se arrancava a fita que arrancávamos os cabelos e isso aconteceu-me muitas vezes.
Havia quem preferisse mandar as fitas para a rua, proporcionando belos efeitos de Carnaval tóxico, graças às serpentinas magnéticas que se viam aqui e ali.
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Sendo um homem da rádio, as cassetes tornaram-se também instrumentos de trabalho, na altura em que se gravavam rm's com as declarações dos entrevistados. Os rm's eram os registos magnéticos gravados, nos tempos da Rádio Voz, nas cassetes promocionais das Selecções do Reader's Digest onde António Sala anunciava "Sucessos Românticos".
O dedo mindinho aqui do JP, mais pequeno que uma pevide de abóbora, era o suficiente para alinhar a fita.
Como é que se fazia?
Colocava-se o dedo mindinho na bobine que tinha menos fita e rodava-se aquela pequena traquitana até deixar o início da fita a meio da superfície de leitura.
Foram os tempos aúreos do dedo mindinho.
Hoje dominam o dedo do meio esticado para gente que nos azucrina a paciência nas estradas e o polegar, o preferido das gerações mais jovens para jogar, enviar sms's ou pedir boleia.
Havia também, claro, as cassetes vídeo, esses enormes matrafolhos parecidos com tijolos e o maravilhoso walkman que possibilitou levar as cassetes para os nossos joggings, para os nossos passeios de bicicleta e até para os dias de teste na secundária.
Mas sobre estas velharias escreverei num outro dia.
Com o duplo deck da aparelhagem knockout e o auto-rádio do carro, idem, resta-me olhar para as velhas cassetes enfileiradas como se fossem guerreiros de terracota de outras batalhas.
No tears, no fears: the show must go on.
Venha comigo assassinar saudades.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Selecção de Portugal - Nº 1 : Cristiano Ronaldo
Glória aos predestinados escolhidos por desígnios divinos.
Cristiano Ronaldo, tal como previ em 2003, tornou-se o Melhor Jogador de Futebol da Actualidade e será, a médio prazo, mais uns cinco anos diria, o Melhor Jogador de Sempre do Futebol Português.
Ficará depois com a tarefa de se tornar uma lenda como Pelé, Maradona ou Cruijff.
Conheci quem tivesse conhecido Ronaldo no tempo em que ele era apenas um puto no lar dos jogadores do Sporting. Longe de casa, dos carinhos e da comida da mãe Dolores, só lhe interessava a bola. Hoje continua a viver e a respirar futebol, mas interessam-lhe também namoradas com grandes bolas.
Já lá vamos.
Debutou na equipa principal do Sporting aos 17 anos e resplandeceu no dia 06 de Agosto de 2003 na inauguração do estádio Alvalade XXI. O Manchester United estava do outro lado e logo tratou de levar o craque para Inglaterra. A partir daí tem sido vertiginosa a ascensão do craque português. O ano passado foi o terceiro melhor da Europa, este ano é indiscutivelmente o melhor e os títulos sucedem-se:
Em 2008, melhor marcador da Liga Inglesa, da Liga dos Campeões e de toda a Europa; melhor jogador de Inglaterra, campeão inglês e campeão europeu. Falta a cereja no topo do bolo, assim os outros "mininos" de Scolari puxem para o mesmo lado.
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Jovem, bonito - o dinheiro ajudou a retocar o corpo -, extremamente rico e bem-sucedido, e tendo apenas 23 anos, estranho seria se a vida de Ronaldo fosse apenas futebol, sopinha ao jantar e deitar cedo.
Tendo bem presente o que "certos e determinados" vícios fizeram ao pai e ao irmão, não se conhecem aventuras do futuro nº 7 da selecção com álcool e drogas. Ainda bem para o "puto maravilha" que prefere "putas maravilhosas", chegando até a organizar orgias onde, diz-se, só observou e sabemos como se aprende muito quando se perscruta com interesse social, a interacção entre seres humanos despidos e cheios de vontade de... conviver.
Merche Romero foi uma namorada famosa, mas tem sido agora a tal Nereida Gallardo a principal responsável pela diminuição do número de árvores na Amazónia, tanto é o papel que a muy hermosa espanhola vende por esse mundo fora.
Não sei como é que o craque consegue alhear-se de tantos toplesses da namorada escarrapachados por centenas de revistas, potenciando milhões de pares de olhares gulosos, mas enfim, lá terá que encontrar uma maneira.
Amanhã começa o Europeu de Futebol e, num país cada vez mais deprimido atolado numa crise galopante, Ronaldo aparece quase como um Anti-Sócrates, brilha como o sol dos dias de esperança, contrapondo às luas do outro.
Portugal é hoje um pequeno Brasil até por isto, pela entrega a um desporto onde aparecemos como talentosos e que surge como derradeiro cuidado paliativo num país moribundo.
A expectativa é elevada e Cristiano Ronaldo é o porta-estandarte.
Que se concentre a fazer aquilo que sabe fazer melhor e deixe as Galhardias para mais tarde.
Venha comigo assassinar saudades.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Selecção de Portugal - Nº 2 : Eusébio
Tenho sentimentos contraditórios por não ter visto Eusébio jogar em todo o seu esplendor.
Por um lado, lamento não ter nascido mais cedo para ver, com olhos de ver, a participação do mítico jogador no Mundial de 1966.
Por outro lado, isso significa que ainda sou "um jovem adulto", uma expressão que ficaria lindamente na National Geographic.
Aquele que muitos ainda consideram o melhor jogador de sempre made in Portugal, é afinal de contas, como se sabe, moçambicano, tal como hoje Deco e Pepe são brasileiros, Nani é de Cabo Verde ou Bosingwa do Congo.
Se quisesse ser definitivamente obtuso, ainda poderia acrescentar que o melhor marcador de sempre da equipa das quinas veio dos Açores e Cristiano Ronaldo da Madeira. Só para chegar à seguinte conclusão prenhe de bacoco regionalismo: Os melhores jogadores de futebol de Portugal Continental nasceram na Margem Sul.
Vale o que vale, sendo que numa conjuntura cada vez mais globalizante, não vale nada.
Eusébio, no tempo do futebol a preto e branco, ficou conhecido como "Pantera Negra", pela velocidade empregue nos lances, pela elegância com que se furtava aos adversários, pela agilidade quase felina e, acrescento eu, pela enervante falta de jeito para articular palavras que soem a alguma coisa.
Representou o Benfica desde 1961. No final da carreira jogou nos EUA e, em Portugal, no Beira Mar e no União de Tomar. Foi 11 vezes (!!) campeão nacional, conquistou cinco Taças de Honra, cinco Taças de Portugal, duas Taças dos Clubes Campeões Europeus, foi sete vezes o melhor marcador de Portugal, ganhou duas Botas de Ouro europeias e foi o melhor marcador do Mundial de 1966, com nove golos. Marcou 41 golos pela selecção nacional.
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Reza a história que, no primeiro jogo com a camisola encarnada, o moçambicano marcou quatro dos três golos com que o Benfica venceu o Atlético num jogo particular.
Mais tarde, ajudou a equipa das águias a sagrar-se Campeã Europeia, marcando dois golos ao colosso Real Madrid.
Nascia uma lenda do futebol europeu e mundial, que teve o seu momento de glória no célebre 5-3 com a Coreia do Norte.
Na foto acima, talvez a mais famosa do Pantera Negra, Eusébio vai buscar a bola ao fundo das redes coreanas para mais depressa apressar a reviravolta lusitana, num dos mais emocionantes jogos que a selecção realizou.
Involuntariamente usado como produto panfletário do regime de Salazar, Eusébio não pôde seguir carreira de sucesso nos maiores clubes da Europa, retirando àquele que foi durante décadas o recordista de golos pela selecção, a possibilidade de conquistar mais títulos europeus.
Um pouco por isso, e não por ser do Benfica, surge nesta lista no número 2 dos melhores de sempre e não, como tem sido consensual no primeiro lugar.
É que o número 1, ao que tudo indica, já é outro, 40 anos depois.
Venha comigo assassinar saudades.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Selecção de Portugal - nº 3 : Figo
Era um jogador de perna gorda mas de finos movimentos, aquele que se via jogar lá em baixo.
Um dos mais evoluídos tecnicamente, entre os que vestiam a camisola dos juniores de Portugal que, naquele dia, se sagrariam bi-campeões mundiais de juniores.
Estávamos em 1991 e o antigo Estádio da Luz estava cheio como nunca.
Eu, o meu pai e o meu irmão fazíamos a enésima representação da peça "Sardinhas em Lata", uma eterna representação que nós, portugueses, gostamos de repor nos mais variados palcos, onde acorremos como cães com o cio.
Luís Figo tinha um penteado ridículo, à Maria Amélia, as tais pernas gordas, um jeito algo molengão, mas o talento estava lá. Hoje vive o acaso da carreira no Inter de Milão, mas para trás fica um currículo de sonho, tantas foram as conquistas nos melhores clubes da Europa.
info: Luís Filipe Madeira Caeiro Figo nasceu em Almada, a 04 de Novembro de 1972. Foi descoberto num clube de bairro, o Pastilhas, sendo depois contratado pelo Sporting. Jogou em Espanha no Barcelona e no Real Madrid, e em Itália no Inter de Milão. Foi eleito o Melhor do Mundo em2001.
Conquistou quatro campeonatos de Espanha, três de Itália, uma Taça de Portugal, duas Copas do Rei, uma Taça de Itália, duas Supertaças europeias, uma Taça das Taças, uma Liga dos Campeões , um Mundial de Clubes e um Mundial de Juniores.
Marcou 32 golos pela Selecção nacional.
No ano 2000, Figo trocou os bleu grenat pelos rivais do Real Madrid e foi quase o fim do mundo.
Chamaram-lhe pesetero e no regresso à Cidade Condal foi recebido com apupos e cabeças de porco lançadas para o relvado. E não, não havia batatas fritas a acompanhar.
Em 2005 foi para o Inter de Milão dando sequência ao ritmo de cinco anos por clube.
Figo está, por mérito próprio, na história do futebol português e também na história das conquistas masculinas porque fisgar uma Helen Svedin é equivalente, no mínimo, a quatro campeonatos do mundo consecutivos.
Não é preciso encharcar-me de cerveja para perguntar:
"Figo, a tua mulher é muita boa, não é?"
Venha comigo assassinar saudades.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Selecção de Portugal - Nº 4 : Futre
O nome já diz tudo: é nome de craque, marca registada de fintas relâmpago, raides em excesso de velocidade, serpente genial e astuta à flor da relva.
Ainda ontem escrevia sobre Chalana, o 5º lugar deste top dos melhores futebolistas de sempre e hoje já se recorda aqui outro esquerdino ainda mais espectacular.
Se Chalana foi o primeiro produto futebolístico português a ser exportado, essa dimensão sobredimensionou-se com Paulo Futre.
Atlético Madrid, Marselha e Milan foram alguns dos clubes europeus que representou, em especial depois do show na final da Taça dos Campeões Europeus de 1987.
E foi também a primeira estrela nascida e criada nas escolas do Sporting.
Depois é o que se sabe: Figo, Simão, Quaresma e Ronaldo foram feitos na mesma fornalha.
E se, voltando a Chalana, houve oportunidade de o ver ao vivo e a cores na sala da minha avó, em relação a Futre tive o privilégio de o ver a jogar meia dúzia de metros à minha frente.
Estávamos no Montijo, no final dos anos 80 e o jogador português vivia ainda a glória de ter sido campeão europeu pelo F.C. Porto.
Havia grande agitação no ringue do Jardim do Montijo. As bancadas de pedra estavam repletas de olhares deliciados com o menino da terra, que jogava uma futebolada de final de época com alguns amigos.
Venceu duas ligas portuguesas, uma liga italiana, uma taça de Portugal, duas supertaças, duas Copas do Rei e, claro, uma Taça dos Clubes Campeões Europeus. Marcou 6 golos pela Selecção Nacional.
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Era nesse ringue que costumava almoçar uma sandes e um bolo, enquanto lia a extinta "Gazeta dos Desportos", comprada na papelaria do velho Salvador.
Estava lá a ler o jornal no dia seguinte ao da vitória portista sobre o Bayern de Munique, uma conquista épica que teve direito a slalons do menino de ouro e calcanhares mágicos.
Nesse dia fui portista e português com orgulho.
E estive naquelas bancadas muitas vezes, outras lá em baixo, jogando com amigos, na fase em que joguei melhor em toda a minha vida.
Mas nesse final de tarde de Junho, Futre concentrava atenções. Era efectivamente um prazer vê-lo jogar, mesmo que a brincar, porque todas as suas acções eram espectaculares.
O pior foi quando o vi mais tarde com a camisola do Benfica, e ainda a jogar bem, como na final da taça conquistada ao Boavista com um enorme 5-2.
Um menino formado no Sporting com a camisola encarnada? Escândalo na época, mas viria a acontecer já neste século com o Simãozinho.
Leões degenerados é o que eles são.
Venha comigo assassinar saudades.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Selecção de Portugal - Nº 5 : Chalana
A estrutura habitual deste blogue aparece alterada esta semana como forma de assinalar o Europeu de Futebol que começa no próximo sábado.
Assim, de hoje até sexta-feira, o "Regresso ao Eldorado" vai publicar o top 5 dos melhores futebolistas portugueses de sempre, um lote de luxo que desenhou magia nos relvados e encantou multidões.
A entremear este lote de cinco magníficos, os habituais postais de cidades lusitanas, sendo que, desta vez, a série estará directamente relacionada com o local de nascimento de cada artista do mundo da bola.
É por isso que começamos com um "Era uma vez... no Barreiro", publicado no post de baixo.
E não se afastem já aqueles e aquelas que não gostam de futebol, porque prometo manter uma linguagem acessível e humorada.
Hoje temos o nariz do Chalana e o homem que está por detrás da penca.
Eu cheguei a ver o Chalana ao vivo.
Não a jogar nos estádios, mas em casa da minha avó.
E isto porque o pequeno genial é primo da Cristina que foi casada com o meu tio Afonso.
Como se pode ver na foto publicada na rubrica "O Pequeno Johnny", Deus foi clemente e poupou-a ao vexame de ostentar um grande nariz como o primo que deliciou os adeptos do Benfica nas décadas de 70 e 80.
info: Fernando Albino Sousa Chalana nasceu no Barreiro, a 10 de Fevereiro de 1959. Representou o Benfica nas décadas de 70 e 80 e o Bordéus, após o Europeu de 1984 onde foi uma das figuras em destaque. Apesar do seu futebol genial só marcou dois golos com a camisola de Portugal. Mas ofereceu muitos para outros marcarem.
Mas nos relvados era o valioso pé esquerdo de Chalana que encantava os adeptos e fazia desesperar os adversários.
O Europeu de 1984, em terras de França, foi o seu grande momento: Inúmeros slalons de fintas mirabolantes e assistências para golo levaram a equipa das quinas ao terceiro lugar.
Nesse ano, melhor do que ele, só Platini e Tigana.
O narigudo foi depois para o Bordéus e, com o dinheirinho, Fernando Santos, então presidente do Benfica, mandou concluir o terceiro anel do antigo Estádio da Luz.
Hoje está tudo feito em pó.
Ultimamente Chalana voltou a ser notícia por se ter tornado treinador do Benfica depois da saída de Camacho, mas não parece talhado para grandes feitos como técnico.
Nos relvados, com uma bola à frente dos pés, era diferente.
Venha comigo assassinar saudades.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Regresso ao Futuro - O Apito Astral
Quando Sagitário conquistou pela 15ª vez consecutiva o primeiro lugar da tabela dos signos da Maya, a bomba astrológica estourou: Havia corrupção no mundo dos astros!
Resultados comprados, passagens aéreas para a Tailândia oferecidas a tarólogos e videntes, escutas telefónicas onde apareciam palavras de código como "aura cósmica" "fruta kármica" e "pizza de atum" sendo que estas últimas deviam-se a um tarólogo que, ao telefone, encomendava, de facto, uma pizza de atum.
Depois de muito se esforçarem para aparecer bem classificados, os nativos do signo Touro e Escorpião, há vários meses sem alcançar a primeira posição, resolveram apelar para o Conselho de Disciplina Astrológico, ameaçando impugnar o deveras importante campeonato horóscópico da Maya cujos dois primeiros lugares dão acesso à Liga dos Campeões de Luas e Marés, os dois seguintes à Taça dos Ascendentes e o vencedor da Poule Outono/Inverno - signos de 24/09 a 20/03 - ganham bilhetes para uma noite de folia no Budha Lisboa.
Até que foram mesmo provadas as ligações ilícitas entre tarólogos, videntes, pais de santo e curandeiros, e dirigentes de signos que eram sistematicamente beneficiados com os melhores resultados na tabela da astróloga com nome de desenho animado.
info: A 09 de Maio o FC Porto foi punido com a perda de seis pontos e o seu presidente, Pinto da Costa, suspenso por dois anos, enquanto o Boavista foi condenado à descida de divisão, no âmbito do processo Apito Final, sobre corrupção no futebol. Os castigos incidem também sobre a U.Leiria e alguns árbitros de futebol
Ao Sagitário foram retirados 23 pontos, enquanto Carneiro e Peixes desceram de divisão, sendo substituídos por Vitela e Carnes.
O presidente de Sagitário que, como se sabe, tem participação maioritária no Banif, vai recorrer desta decisão.
Carneiro retirou-se para as montanhas, enquanto os Peixes parecem prestes a decretar a falência do signo. Ainda agora os pescadores disseram que tão depressa não voltavam a sair para o mar, por causa do preço dos combustíveis e também porque a nova geração enjoa mais depressa, em especial os que usam tatuagens de flores nas nádegas.
O Apito Astral mudou a face da astrologia nacional, mundial, Algés e Cacém.
As leituras de búzios e pétalas de rosa são hoje efectuadas de modo mais profissional e até às ciganas de Sevilha que leem a sina é exigida a carteira profissional, que as próprias falsificam com amor, carinho e muito salero.
Restam as velhas bolas de cristal da Marinha Grande que este blogue coloca à disposição de leitores e amigos pela simbólica quantia de 99, 99 Euros.
Se for rápido a efectuar a encomenda, ainda vai a tempo de saber quais os números da sorte no Euromilhões de logo e também quem ganha a liderança do PSD amanhã, se bem que esta última seja mais complicada.
Venha comigo assassinar saudades.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Museu dos Reclames # 02 - Restaurador Olex
Começava assim um dos mais populares anúncios dos anos 70, longe de imaginar que os anos 80 consagrariam o imenso artista popular Serafim Saudade e os anos 90 o futebolista Abel Xavier, também conhecido por Chewbacca ou Avô da Heidi.
E se hoje é comum homens e mulheres pintarem o cabelo até de azul à Wanda Stuart ou com uma madeixa verde à Maria José Valério, antes recorria-se a esse produto milagroso que era o Olex, o restaurador que se vendia nos Restauradores e um pouco por toda a parte.
O restaurador que se salpicava pelo couro cabeludo como se estivéssemos a temperar uma salada, ainda hoje se vende, sendo um produto da Couto S.A., a mesma da também mítica Pasta Medicinal Couto que andava na boca de toda a gente.
info: O anúncio retirado do YouTube é dos anos 70. O actual Restaurador Olex é vendido numa embalagem de 250 ml, envolta em cartonagem com folheto incluso e é comercializado pela Couto S.A., uma empresa que nasceu no Porto em 1918.
Em 2005, uma directiva comunitária proíbe o uso de acetato de chumbo na composição dos cosméticos, e surge o novo Restaurador Olex que se pode aplicar três a quatro vezes por semana, depois de lavar a cabecinha e secá-la bem com uma toalha ou um secador.
Diz a Couto - que bem poderia usar o gadelhudo futebolista Fernando Couto para publicitar os seus produtos - que o restaurador tem o mesmo efeito de pigmentação que a melanima e, digo eu, também parece ser capaz de atrair umas quantas melgas e gafanhotos, não sei.
Destaque final para outra das frase míticas do mítico anúncio que, em apenas14 segundos faz-nos sorrir mais do que todas as séries dos "Malucos do Riso", "Batanetes" e afins:
"O que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu".
Está explicado porque é que alguns homens voltam a ser carequinhas como os Nenucos...
Venha comigo assassinar saudades.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Anos 80 Revival - Stay On These Roads
Como continuo a querer cumprir o projecto de editar todas as semanas uma memória musical dos anos 80, recorrendo ao fantástico YouTube e às memórias opacas deste vosso ancião, chega hoje a vez dos A-ha, bastante elogiados pelas meninas à época.
E efectivamente estes gajos sempre me pareceram um pouco "bonecos", com evidentes capacidades para atrair o mulherio.
Sendo dos grupos que mais e melhores melodias pop deram a conhecer ao mundo nos eighties, é natural que passem por aqui mais alguns mega-hits destes noruegueses, como "Take on Me" e "The Sun Always Shines on TV".
Mas hoje é a vez deste "Stay On These Roads", que em português pode ser traduzido para "Aguenta-te nas Canetas".
Estávamos em 1988, aqui o palhacito tinha 17 anos e podia ser caracterizado como um adolescente introvertido a viver de paixões platónicas sempre, mas sempre, pela miúda mais gira e jeitosa da turma, empreitada mais que hercúlea para quem pouco ou nenhum charme tinha para mandar aos olhos das mais incautas.
Hoje não, as coisas são diferentes nesta área, senão olhem para mim a piscar o olho e a lamber os beiços... Irresistível, eu sei.
É o caso do tema que aparece aqui em cima.
Nas imagens, além da habitual colecção de bonecos noruegueses a fazer olhinhos para a câmera, veem-se motas a derrapar na neve, uma bela alegoria ao estado em que se encontram os pneus do meu velho Saxo, a desfazerem-se literalmente, sendo cada vez mais difícil "Stay on These Roads".
Com os meus parcos rendimentos só poderei comprar um pneu de cada vez, ou até apenas um pipo de cada vez, a menos que o Fernando Mendes me dispense alguns dos seus, que já sei não serem Goodyear nem Michelin, mas apenas Solar dos Presuntos.
Venha comigo assassinar saudades.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Momentos de Glória - Nuno, 30 Anos
Quando o fedelho que aparece na fotografia aí de baixo com um fato espacial nasceu já eu tinha feito sete anos. Já sabia ler e escrever algumas coisas, assim como tirar macacos do nariz com arte e requinte, algo que mantenho até hoje.
Só para que sejam enumeradas algumas das qualidades que tinha já adquirido, antes deste tipo aparecer.
Reza a lenda que ele foi a prenda de anos que eu escolhi para o meu sétimo aniversário, mas tendo eu nascido a 21 e ele só a 27, convém relembrar pela enésima vez que a dita prenda chegou atrasada seis dias.
Pior do que isso, o fedelho foi-me apresentado sem papel de embrulho e lacinho a condizer, parecia meio cor de rosa e cheirava a leite, além de ter a cabeça tenrinha e ligeiramente bicuda.
Algo entre um leitão da Bairrada e um marciano.
Considerações desta índole à parte, o puto era giro como tudo e nasceu ali algo que nem o tempo, a Al-Qaeda ou o Sócrates conseguiram destruir.
Estão a ver aquilo a que chamam "amor"?
Acho que é ainda mais do que isso, trata-se daquela sensação de saber que um e outro vieram do mesmo sítio, chegaram ao mundo da mesma maneira, beberam do mesmo leite e inutilizaram fraldas de modo igualmente badalhoco.
O Nuno André - reza a mesma lenda que fui eu que escolhi o nome - cresceu, tornou-se uma criança entre o complicado e o ternurento, foi companheiro inseparável de longas tardes de brincadeiras e o melhor amigo que se pode ter.
Cresceu também rodeado de alguns problemas respiratórios e uma das mais belas notícias que me deu, foi a de ter deixado de fumar, o que espero ser para sempre.
Não quero voltar a encontrá-lo assustado e perdido, ligado a soro, num corredor de hospital.
Nos primeiros anos, à conta destes problemas respiratórios, uma divisão lá de casa chegou mesmo a ser transformada em "quarto de vapores" e quase nasceram ali aquilo que seriam hoje as afamadas Termas de Pinhal Novo.
Não foi preciso porque ele lá foi melhorando; o que deu imenso jeito para aproveitar aquele quarto-sauna para algo mais normal como... fazer um quarto normal.
Uma das adversidades mais complicadas que o Nuno teve de enfrentar está directamente relacionada com a condição, não escolhida por ele, de ter nascido meu irmão.
Não foi, não é, não será nunca fácil.
Ele teve que se submeter a 10 mil atrocidades que começaram logo quando lhe enfiava o biberão de água goela abaixo quando ele chorava.
Pensava eu que o gajo tinha sede.
Depois vieram múltiplas brincadeiras saídas da minha fértil e tortuosa imaginação, sendo a mais emblemática a do "barco-manta".
Consistia no seguinte delírio: eu, ele e mais seis bonecos de pelúcia meio esburacados subiámos para uma manta e zarpávamos para mares desconhecidos.
Adepto de densos jogos psicológicos desde tenra idade, tornava a viagem numa autêntica montanha-russa de emoções, já que promovia ódios e empatias entre os imediatos de pelúcia, ao mesmo tempo que o mar revolto ia comendo quase literalmente a embarcação.
A manta ia encolhendo até chegar ao ponto de estarmos todos em cima uns dos outros, evitando os tubarões esfaimados representados pelas minhas mãos abertas fazendo "nhac, nhac".
Anos mais tarde, fundei o clube "Os Exploradores" com ele, o Nelson, o "Carocha" e penso que mais alguns tipos que depressam fugiram da seita.
A ideia era bem mais saudável: passeios pedestres a locais maravilhosos do reino caramelo, como a Barragem da Salgueirinha, a Mina do Barro, a fábrica Cerapa, entre outros.
Havia quotas a pagar que ninguém pagava e, por isso, nunca foram concretizadas as viagens ao "estrangeiro" como a Setúbal ou Évora.
Mas, o que acabou com o clube, foram algumas atitudes ditatoriais do chefe do gang que obrigava a que, no final de cada passeio, os jovens exploradores tivessem que compor ou desenhar aquilo que mais e menos tinham gostado da experiência.
Acho que alguns deles chegaram a ponderar denunciar-me aos sindicatos do sector.
A adolescência foi mais normal, se é que há normalidade na adolescência, mas não fazia sentido, nos meus 21 anos, obrigar o Nuno, de 14, a novos e desenfreados caprichos da minha imaginação.
E assim, limitámo-nos a jogar futebol, ténis e outras modalidades mais normais e até com estatuto olímpico, se bem que continue a achar, na verdade, que o "barco-manta" tem condições para ser desporto de alta competição.
O Nuno cresceu... cresceu... cresceu... cresceu para cima e para os lados, até ultrapassar a barreira psicológica dos 100 quilos.
Casou, teve um filho - que enche uma casa e que, juro, ainda há-de provar da venenosa capacidade inventiva do tio João Paulo -, tem a sua casa, o seu emprego, a sua vida, a sua careca, enfim, o costume nestas histórias aparentemente iguais mas, desde que esmiuçadas com paixão, são afinal únicas, e com o poder de tatuar na alma, eternamente, uma marca de união e fraternidade sem prazo de validade estabelecido.
Hoje, por volta da hora do almoço, fui buscá-lo no velho Saxo - que logo se encostou ao chão quando tão poderosa figura entrou - e fugi com ele para um dos meus locais favoritos, para podermos almoçar no meu restaurante favorito, o meu prato favorito.
Porque sempre fui assim, mais que disponível para partilhar as coisas boas da vida com quem mais gosto.
E, por falar em gostos, espero que ele tenha gostado da prenda-almoço. Pelo menos devorou o que se lhe apresentava à frente como se não houvesse amanhã.
Ele merece tudo o que há de bom nesta vida e espero que repita esta marca das três décadas, mais umas três vezes, penso que 120 anos é uma boa idade para arrumar as coisas, fechar as portas, partir e reactivarmos depois "Os Exploradores", algures, no além.
Nuno, o mano gosta muito de ti.
Para sempre.
Venha comigo assassinar saudades.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Divas de Hollywood - N º 11 : Gina Lollobrigida
Ora, muito bem...
O que é que há para dizer sobre a Gina? Que era uma revista de fotonovelas picantes que contribuíu para o crescimento de muitos genitais, digo... de muita gente imberbe, nos idos de 70 e 80?
Não?!
Ah pois, porque aqui escreve-se sobre cinema. E daquele glamouroso, não de gargantas fundas, mas de decotes profundos e sonhos impossíveis.
Pois esta senhora que ficou conhecida como "La Lollo", foi um dos mais belos exemplos de sex-symbol made in Italia, onde a sétima arte foi buscar também Sophia Loren, ou nos últimos tempos Monica Bellucci.
Gina foi mesmo Miss Itália, antes de singrar em Hollywood onde, no auge da fama, o pessoal gritava "Go, Gina!", que em tradução livre é qualquer coisa como "Vá, Gina!"...
Desculpem-me... hoje eu não estou bem.
Os primeiros papéis de sucesso chegaram nos anos 50, em filmes como"Campane a martello", "Fanfan la Tulipe", e "Outros Tempos".
Padrão de beleza nos anos 5o, "La Lollo" - como era conhecida - interpretava papéis sensuais, que lhe renderam a alcunha de "A mulher mais bela do mundo", curiosamente título do filme de 1955, onde interpretava uma cantora linda, digo, lírica.
"La Lollo" continua bela aos 80 anos e é casada com um espanhol, 34 anos mais novo, porque a senhora não está em idade de se dobrar para limpar o caruncho.
Para saber mais sobre Gina Lollobrigida consulte os diversos sites da internet que abordam os mais variados aspectos da vida da diva.
"Da vida da diva".
Experimentem dizer esta frase depois de 17 martinis.
Ah! Esta rubrica, tal como a "Geração Tio Patinhas" em próximas edições, vai ser editada como um top em contagem decrescente.
A nossa Gina ficou no 11º lugar. Em breve será publicado o 10º lugar e, dentro de semanas, ficarão a conhecer aquela que é para mim a nº 1.
Esquizofrenias...
Venha comigo assassinar saudades.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Tesourinhos Fascinantes # 01 - O Cubo Mágico
Muito antes das tabelas de Sudoku e dos impressos do IRS, houve um quebra-cabeças que se tornou rei e senhor dos nossos tempos livres, o Cubo Mágico.
A geringonça foi inventada em 1974 por um húngaro que, reza a lenda, baseou-se no nosso 25 de Abril...
"Olha! Uma revolução dos cravos em Portugal! Cravos... cravos... cubo mágico! É isso"!
Só que o dito cubo, digo o dito cujo, só arrebentou em força nos anos 80 em Portugal.
Primeiro rebentou, depois muitos rebentaram com ele, porque a traquitana exasperava quem se atrevia ao reque-reque agregador de faces cromáticas.
Eu próprio andei às turras com um cubo mágico e, se é verdade que ele nunca se deixou montar totalmente (esta frase ficou um bocadinho estranha...), eu também não me deixei ficar.
Como muitos outros trintões e quarentinhas, chegou uma altura em que eu agarrei na coisa ( esta também não soou bem...) e desmembrei-a, pensando que seria depois mais fácil colocar as seis faces coloridas bem ordenadas.
Nããã.... e era uma vez um cubo mágico.
Outra brilhante ideia que a malta tinha era a de descolar os autocolantes coloridos e colar os amarelinhos todos na mesma face, os vermelhos, os azuis e por aí adiante.
info: o Cubo Mágico, um quebra-cabeças tridimensional também chamado Cubo de Rubik, foi criado por Ernõ Rubik, um húngaro, em 1974. Já foram vendidas mais de 900 milhões de unidades em todo o mundo.
Mas nem todos desistiam tão facilmente e por toda a parte chegavam ecos de feitos cada vez mais heróicos:
- Pessoas que conheciam pessoas que tinham feito o cubo.
- Gente que tinha resolvido o cubo sem recurso a drogas.
- Gajos de óculos de fundo de garrafa que resolviam o cubo em poucos segundos.
- Cromos que eram convidados para resolver o quebra-cabeças no "Passeio dos Alegres"do Júlio Isidro.
- Competições europeias e campeonatos do mundo.
A moda passou e não há, no remanso do lar, vestígios de tão peculiar objecto.
E foi assim, felizmente, que a Knorr voltou a ter os melhores cubos lá de casa.
Venha comigo assassinar saudades.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
O Pequeno Johnny - Feliz Aniversário
E lambadas, lamparinas e outras preciosidades hoje catalogadas como tortura medieval.
Deixem-me apresentar o pessoal da fotografia:
Ela era doce como os figos do Algarve onde hoje vive e ele sempre foi encalorado, em todos os sentidos. Mas, personalidades à parte, dá para ver que em 1981 já fazia um calor do caraças em Maio.
Seguem-se duas pessoas que aproveitaram uma promoção de camisas de flanela aos quadrados:
À esquerda, a morder o lábio inferior, o primo José Eduardo que, mais tarde, veio a ser meu instrutor de condução; sr. guarda, a culpa é dele.
E depois o Nelson, que vem a ser o tipo que tem a paciência de há mais tempo fingir que é meu amigo, e isto porque é inconcebível haver alguém que seja meu amigo de facto, porque se houver, com esse handicap, é pessoa para eu trazer desconfiado ao canto do olho.
Ah, e no centro das atenções, e da objectiva apontada pelo meu querido pai, lá estou eu, pronto para soprar de vez, mais 12 meses de vida, e isto no meio de Sumóis, Jóis, vinho do Porto, bolos e metades de sandes de queijo e de fiambre.
E há, claro, a bela da televisão a preto e branco, quando computadores, internet e telemóveis nem ficção científica eram.
37 anos depois, sei que desta vez ninguém vai tirar fotografias em tronco nu.
E é pena porque a Soraia Chaves foi convidada.
Venha comigo assassinar saudades